quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O lado ruim da profissão


Anos atrás quando decidi fazer a faculdade de enfermagem eu me perguntava se estaria preparada para viver os dramas alheios, se saberia agüentar no peito o sofrimento das pessoas e principalmente se teria coragem de atuar em qualquer área hospitalar. Comecei o curso em 1997 e até hoje ainda tinha minhas dúvidas, ainda faltavam algumas respostas! Infelizmente ainda não conclui o a faculdade, falta um ano, e um pouco de vergonha na cara! Fiz então o curso técnico de enfermagem, para continuar na área e graças a Deus to trabalhando muito bem. Embora frustrada por não ter me formado ainda no nível superior...
Atualmente trabalho na maternidade, você deve estar pensando que é o melhor setor, ledo engano! “Coisa linda os bebezinhos”, o nascimento, os primeiros chorinhos, a emoção dos pais, as roupinhas novinhas... Mas não é tudo “lindo” assim, e quando os bebês nascem e o tão esperado choro não vem, e não adianta palmada nem nada? Putz, é a pior parte, tenho vontade de sumir, sentar num canto e derramar lágrimas e mais lágrimas! Fico imaginando o sofrimento desses pais que esperam nove meses pela chegada do seu herdeiro, fazem planos, gastam o que tem e o que não tem para oferecer tudo na sua “estréia” nesse mundo louco, ai vem a “moça do cabelo vermelho” e diz que o bebê está sendo examinado e depois o médico dará outras notícias.

Meu coração acelera, parece querer sair pela boca, minhas mãos pingam suor, mas agüento firme ali ao lado daquele ser indefeso que luta pela sobrevivência. E vem a cabeça mais uma pergunta sem resposta: porque já nascer sofrendo? Não tenho essa resposta!
É demais pra mim! Vou sair... Não, preciso ajudar! Fico ao seu lado... E vão horas a fio, ele vai e volta, ainda resta alguma esperança... Meu pensamento está lá fora com os pais que tanto esperaram pelo seu nascimento... Lembro do meu filho, sinto uma lágrima querer descer, mas consigo a fazer parar... Não foi só a minha lágrima que parou! Seu coraçãozinho também parou e não voltou mais...
O lado mais difícil da nossa profissão é ser derrotado pela morte! Estudamos, trabalhamos em busca do bem estar do ser humano e por mais terrível que seja uma doença queremos curá-la, estamos lá para isso, mas nem sempre vencemos...
Não é fácil ver uma pessoa partir, ainda mais um “serzinho” com poucas horas de vida, mas o que alivia é que fiz a minha parte, de algum modo tentei ajudá-lo nesta batalha, mas Deus quis assim...
Ainda bem que achei algumas das respostas, tenho condição sim de sobreviver aos dramas alheios, por mais difícil que seja eu tenho passado ilesa em tantas tragédias com desconhecidos, mas confesso que dessa vez cheguei em casa e “desabei” num pranto...

5 comentários:

Beth/Lilás disse...

É uma das profissões mais bonitas e sofridas esta que vc abraçou.
Graças a Deus existem pessoinhas como você fazendo este trabalho, senão o que seria de nós em determinadas ocasiões.
Muito duro ver uma criancinha sofrer ou morrer!
Sempre muita força para seu espírito nestas horas é o que desejo.
bjs cariocas

Renata Lopes Costa disse...

Báh...agora fiquei triste. Nada fácil presenciar e ainda ter que informar a situação. Bom saber estas histórias, servem para darmos aindamais valor à vida.

Eu né...fui atendida por uma moça dos cabelos vermelhos, lembra? Q situação aquela...nenhuma mãe mereceria passar por aquilo...sendo literalmente "limpada" por alguém!!!

Renata Miranda disse...

Tua profissão é admirável... E vc está sempre lá para fazer o teu melhor... mesmo que as coisas não saiam exatamente como gostarias...

Beijão!

Abreu disse...

Estou começando o meu primeiro ano ma enfermagem e claro vc pode estar me perguntando o pq eu escohi, bom na vdd eu acredito que eu nasci para salvar vidas cuidar de pessoas enfim o negocio da familia que começara comigo mas ainda sim tenho duvidas... Como: salario, carga horaria de um enfermeiro e se eu realmente estou louco, bom se eu estiver entao acredito que escolhi a profissao correta!!

Unknown disse...

Eu acho uma das piores profissão mas tem quem goste.